[RESENHA] O jantar - Herman Koch





Páginas: 254
Editora: Intrínseca

Sinopse:Em uma noite de verão, dois casais se encontram em um restaurante elegante. Entre  um  gole e outro de  vinho e o tilintar de talheres, a conversa mantém  um  tom gentil  e  educado, passando  por  assuntos triviais  como  o preço dos pratos, os aborrecimentos do trabalho, o próximo destino de férias. Mas  as  palavras  vazias  escondem  um  terrível  conflito, e, a  cada  sorriso forçado e cada novo prato, o clima fica mais tenso.
Cada  casal  tem  um  filho  de  15  anos. Juntos,  os   meninos   fizeram  algo horrível, e o encontro tem c omo  objetivo  decidir o futuro. Não apenas  dos jovens e de suas famílias, mas  talvez  até  mesmo  o  futuro político do  país. Quando afinal o prato principal é servido, a conversa finalmente aborda o assunto. E, à medida  que a civilidade e o  tom  amigável se  desintegram, cada um dos  integrantes da mesa  vai  mostrar quão longe é capaz de ir para proteger aqueles que ama.


Uma capa perturbadoramente artística, uma sinopse desafiadora,  uma escrita cativante e um enredo repulsivamente bom é como definiria “O jantar” do escritor holandês Herman Koch.
Como sugere o título, a história do livro se passa basicamente durante um jantar e é divida em quatro partes: entrada, prato principal, sobremesa e digestivo, respectivamente.


Em linhas gerais, dois casais, os irmãos Paul e Serge Lohman e suas respectivas esposas Claire e Babette, se encontram em um restaurante elegante para discutir algo terrível que seus filhos adolescentes fizeram.
A história é narrada a partir do ponto de vista de Paul Lohman,  logo extremamente tendenciosa, percebe-se que a cada oportunidade que tem ele usa  para mostrar o quão superficial seu irmão, candidato a primeiro-ministro, é. E assim é criada uma relação entre o leitor e o narrador Paul, afinal, políticos parecem combinar perfeitamente com as palavras superficialidade, egoísmo e canalhice. E nós os odiamos, assim como Paul odeia seu irmão odiaremos o Serge durante quase todo o livro.

De inicio achei que havia sido enganada pela sinopse, admito,  afinal são 254 páginas em um único jantar. Será monótono, pensei. Estava estupidamente enganada. A escrita de Koch simplesmente flui e você se sente à mesa com as personagens, percebendo a tensão crescente. Enquanto tentam ao máximo através de assuntos supérfluos adiar o assunto principal. Em alguns momentos até me via compartilhando sentimentos com o narrador, como o desprezo dele ao ver o gerente do restaurante apresentando a comida com o dedo mindinho a um centímetro do seu prato. Era como se tivesse alguém apontando o mindinho muito próximo a MINHA comida.

É realmente difícil falar desse livro sem soltar spoiler, mas o enredo é basicamente sobre “o quão longe cada um é capaz de ir para proteger aqueles que ama” e nesse longe está incluído mentir para si mesmo, inventar justificativas para coisas injustificáveis, ignorar a lei, a moral e simplesmente distorcer todo o sentido de certo e errado.  É um livro também sobre criticas a aparências, preconceito e superficialidade. 

Definitivamente não é aquele tipo de livro em que se pode definir mocinhos e vilões nos primeiros capítulos, os personagens de Koch são humanos, eles têm instinto, maldade, inveja. Você até tenta estabelecer lados durante a história, mas muda tanto de opinião que acaba desistindo, vai por mim.

É um livro que você chega ao final e simplesmente não consegue parar de pensar nele, em como você repudia cada gesto daquelas personagens, mas ao mesmo tempo se pergunta se no lugar deles não acabaria fazendo o mesmo, ou o quanto tem de verdade na expressão “tal pai, tal filho” ou qual a importância da genética no comportamento das personagens.

Refletindo sobre o que acabara de ler me dei conta que eu, como leitora me deixei levar pelas primeiras impressões, pelas aparências, era mais cômodo para eu ter uma opinião formada sobre as personagens.  É um livro cru e realista, não  esperem dele algo que vá acalantar seu ego, mas  esteja preparado para um choque de realidade a cada capítulo.






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